Conhecendo a Automutilação/(Leiam tudo,é importante)

Tem sido cada vez maior o número de jovens e adolescentes que têm apresentado um transtorno psicológico grave: a automutilação. Usualmente a automutilação ocorre quando o paciente agride o próprio corpo com arranhões, cortes ou outras intervenções; sempre que sente  tristeza, raiva, nervosismo ou vivencia algum trauma. Estudos apontam que as meninas são as principais vítimas deste transtorno e o tratamento deve ser iniciado o quanto antes para evitar consequências mais graves. Todos sabem que a adolescência é uma das fazes mais complexas experienciadas pelas pessoas, dentre outros motivos, pela marcante transição entre fases bem distintas (infância e vida adulta) e pela grande quantidade de recursos e informações que o adolescente tem que administrar: vestibular, namoro, sexualidade, pais, grupos, moda, escola, certo, errado… enfim é a fase onde a personalidade ganha formas mais concretas. Todos sabem, também, que é nesta fase em que os adolescentes enfrentam muitos conflitos de ordem psicológica e emocional e muitas vezes não sabem como lidar com isso e mas tentam resolver as coisas ao seu modo e pelas razões mais diversas acabam praticando a autoagressão física.
As automutilações mais comuns incluem esmurrar-se, chicotear-se; morder-se; apertar ou reabrir feridas; queimar-se; furar-se propositalmente com objetos pontiagudos; ingerir agentes corrosivos e objetos; bater com a cabeça na parede; esmurrar superfícies duras; cortar a pele, arrancar ou puxar o cabelo; beliscar-se; envenenar-se por overdose de remédios ou produtos químicos (ainda que sem intenção de suicídio, porém com maior predisposição ao risco). Embora 60% dos automutiladores nunca tenha tido pensamentos suicidas, esse comportamento pode ser o gatilho, pois, pode acidentalmente resultar em suicídio. Os alvos usuais para a automutilação são os braços, pernas e dorso, áreas de fácil contato e também fáceis de serem escondidas sob a roupa; áreas que teoricamente podem ser cobertas ou disfarçadas. Porém, essa pode ser a principal pista deixada pelas pessoas que se automutilam, o uso constante de roupas longas, muitas vezes inapropriadas para algumas épocas ou situações. Por isso, pais, familiares e professores devem estar aletas para essas mudanças de comportamentos. Qualquer mudança de comportamento é sinal que algo mudou no contexto e por isso devemos ficar atentos a qualquer mudança no comportamento, pois ela pode sinalizar que o adolescente está sofrendo ou passando por um problema grave e necessita de nossa ajuda.
As pessoas que praticam a automutilação informam que encontram alívio para seus problemas com essa prática. Porém, muitas pessoas acham um absurdo alguém cortar o próprio braço, por exemplo, sob o argumento de que encontra alívio nessa autoagressão. Talvez muitos não compreendam, mas isso ocorre mais ou menos assim: uma pessoa está muito triste porque terminou o namoro, foi humilhada em público ou abusada sexualmente; como não estava preparada para isso, enfrenta uma dor descrita como insuportável, pois ela nunca viveu algo parecido e não sabe como enfrentar a situação. Nesse contexto, quando ela corta a própria pele, enfrenta uma dor que consegue administrar, pois é muito parecida com dores provocadas por outras lesões que foram semelhantes em seu corpo e têm referências em seu histórico de vida (arranhões, injeção, quedas, machucados, cortes por acidentes…). Assim, a pessoa tem, “teoricamente”, duas vantagens: 1) a dor física assume o foco dos pensamentos e sofrimento da pessoa, fazendo com que ela se desligue, ainda que momentaneamente do problema anterior, fazendo com que a dor física se torne mais intensa e suprima a dor emocional; e 2) a dor física apresenta-se como mais fácil de administrar, pois é mais próxima de outras experiências da própria pessoa.
Ocorre que, em função desses “ganhos” secundários que a pessoa acredita obter com a automutilação, pode fazer com que esse comportamento torne-se um vício, pois, parece ter a função de auto-regulação dos sentimentos; fazendo com que esse comportamento seja instalado em seu repertório. Além disso, abaixa auto-estima e a dificuldade de expressar sentimentos e emoções é comum entre os automutiladores, tornando-os pessoas mas sensíveis e vulneráveis aos comportamentos inadequados. Muitas dessas pessoas convivem em ambientes aversivos, repressores e de poucas relações interações sociais e interpessoais amistosas. Negligência na infância, isolamento social e condições instáveis de vida são fatores de risco para os casos de automutilação. No geral, são pessoas que cresceram sem saber como expressar e lidar com sentimentos como o ódio ou a tristeza, direcionando a dor emocional para si. A automutilação pode ser instalada por certos eventos como a rejeição por alguém importante, a sensação de estar errado ou ser culpado por algo de que a pessoa não tenha controle. Ainda não existam medicamentos que tratem a automutilação e a utilização de alguns remédios recomendado pelos psiquiatras para outros transtornos podem não surtir efeito duradouro, pois não é voltado para a causa dos problemas emocionais e sim são voltados meramente para os sintomas dos comportamentos de autoagressão. Uma alternativa que tem se mostrado bastante eficiente é a terapia comportamental. Nela as pessoas aprendem habilidades que podem ajudá-las a tolerar o estresse, regular as emoções e melhorar seus relacionamentos, tudo isso voltado à raiz do(s) problema(s), de forma a obter os melhores e mais resultados e bem-estar. Ademais, os automutiladores podem aprender outras formas de aliviar o estresse, lidar com as emoções negativas e superar as dificuldades.

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